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domingo, 29 de maio de 2011

Manga larga Machador


UMA RAÇA BRASILEIRA
DESCRIÇÃO
Fundado no Brasil, no Sul do Estado de Minas Gerais, o Mangalarga Marchador tem como função principal a marcha, que é distinta das outras encontradas nos demais marchadores do mundo. A marcha, que é o passo acelerado, se caracteriza por transportar o cavaleiro de maneira cômoda, pois não transmite nele os impactos ocorridos com os animais de trote.

Durante a marcha, o Mangalarga Marchador descreve no ar um semicírculo com os membros anteriores e usa os posteriores como uma alavanca para ter impulso. Marchando, ele alterna os apoios nos sentidos diagonal e lateral, sempre suavizados por um tempo intermediário, o tríplice apoio, momento em que três membros do Mangalarga Marchador tocam o solo ao mesmo tempo.

O andamento genuíno do Mangalarga Marchador é acompanhado de outras importantes características. Temperamento ativo e dócil: pode ser montado por pessoas de qualquer faixa etária e nível de equitação; resistência: grande capacidade para percorrer longas distâncias e enfrentar desafios naturais; inteligência: seu adestramento é fácil e rápido em relação a outras raças de sela; rusticidade: opção de se criar somente em regime de pasto, diminuindo seu custo de produção e manutenção, facilitando seu manejo. A rusticidade é observada também na facilidade de adaptação a quaisquer terrenos e climas como o tropical, temperado ou frio.

Alguns dados de morfologia também são importantes para se reconhecer o Mangalarga Marchador. Ele é leve, mas não deixa de ser forte e musculoso. O conjunto de frente mostra leveza, com a cabeça triangular e o pescoço piramidal. O tronco é forte, com costelas bem arqueadas. Nos membros, os tendões são vigorosos e bem delineados. É um cavalo mediolíneo, com altura mínima de 1,47 e máxima de 1,57 metros, sendo 1,52 a altura ideal.

OBJETIVOS DA RAÇA

Os objetivos da raça – também conseguidos através do adestramento dos animais – são as exposições, os concursos de marcha, o enduro, a lida com o gado e as provas funcionais.

Anualmente são realizados 80 a 100 eventos nos diversos Estados do País, o que comprova a grandeza do Mangalarga Marchador, que gera cerca de 40 mil empregos diretos e mobiliza 200 mil pessoas indiretamente.

A fácil atuação do Mangalarga Marchador frente a obstáculos naturais demonstra sua aptidão nata para o trabalho e esportes em geral. No enduro, os animais da raça têm valorização crescente pela comodidade da marcha, que garante conforto ao cavaleiro, e pela resistência para percorrer longas distâncias.

A Exposição Nacional, a mais importante mostra do Marchador, é realizada desde 1982 pela Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM), no Parque da Gameleira, em Belo Horizonte, e reúne representantes de todos os Estados. Os cerca de 300 expositores levam à pista mais de 700 animais, todos credenciados anualmente com os títulos de Campeão ou Reservado Campeão nas exposições oficializadas pela entidade em todo o País. A XXII Exposição Nacional acontecerá de 17 a 26 de julho de 2008.

RENDIMENTO DO SEU TRABALHO

A condição de ser um animal resistente, dócil e cômodo e com regularidade permitiu ao Mangalarga Marchador entrar para o Guinness Book, o Livro dos Recordes. Entre maio de 1991 e julho de 1993, três cavaleiros – Jorge Dias Aguiar, 64 anos, Pedro Luiz Dias Aguiar, 60 anos, e o capataz de Pedro, José Reis, 65 anos – e seis animais da raça fizeram uma cavalgada durante aqueles dois anos, entre os pontos mais distantes do Brasil, Chuí, no Rio Grande do Sul, e Oiapoque, no Amapá, pelo projeto "Brasil 14 mil". Com o retorno a São Paulo, percorreram 19.300 quilômetros. Uma das maiores estratégias de marketing feitas com a raça, o projeto acabou transformando-se na "Cavalgada Mercosul - Projeto Brasil 14 mil", com a inclusão da Argentina e Paraguai, totalizando 25.104 quilômetros.


HISTÓRIA DA RAÇA

A raça Mangalarga Marchador é tipicamente brasileira e surgiu há cerca de 200 anos na Comarca do Rio das Mortes, no Sul de Minas, através do cruzamento de cavalos da raça Alter – trazidos da Coudelaria de Alter do Chão, em Portugal – com outros cavalos selecionados pelos criadores daquela região mineira.

A base de formação dos cavalos Alter é a raça espanhola Andaluza, cuja origem étnica vem de cavalos nativos da Península Ibérica, germânicos e berberes. Os cruzamentos dessas raças deram origem a animais de porte elegante, beleza plástica, temperamento dócil e próprios para a montaria.

Os primeiros exemplares da raça Alter chegaram ao Brasil em 1808, com D. João VI, que se transferiu para a Colônia com a família real. Os cavalos dessa raça eram muito valorizados em Portugal e a família real investia em coudelarias (haras) para o aprimoramento da raça. A Coudelaria de Alter foi criada em 1748 por D. João V e viveu momentos de glória durante o século XVIII, formando animais bastante procurados por príncipes e nobres europeus para as atividades de lazer e serviço.

Minas Gerais já se destacava como centro criador de eqüinos desde o século XVIII e a chegada dos cavalos da raça Alter veio aprimorar ainda mais seus criatórios. A Comarca do Rio das Mortes tinha um potencial de ouro muito baixo, mas chamou a atenção dos colonizadores por causa das suas boas condições para a criação dos animais. Havia água em abundância e a vegetação era constituída de matas, capões e ervas pardacentas, adequadas para a produção de forragem.

O Mangalarga Marchador teve como berço a fazenda Campo Alegre, no Sul de Minas. Ela pertencia a Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas, a quem é atribuída a responsabilidade pela formação da raça. A fazenda era uma herança de seu pai João Francisco Junqueira. Outro fazendeiro importante na história do Mangalarga Marchador foi José Frausino Junqueira, sobrinho de Gabriel Junqueira. Exímio caçador de veados, José Frausino aprendeu a valorizar os cavalos marchadores por serem resistentes e ágeis para transportá-lo em suas longas jornadas.

Há várias versões para o nome Mangalarga Marchador, mas a mais consistente está relacionada à fazenda Mangalarga, localizada em Pati do Alferes, no Rio de Janeiro. O nome da fazenda era o mesmo de uma serra que existia na região. Seu proprietário era um rico fazendeiro que, impressionado com os cavalos da família Junqueira, adquiriu alguns exemplares para os passeios elegantes realizados no Rio de Janeiro. Quando alguém se interessava pelos animais, ele indicava as fazendas do Sul de Minas. As pessoas procuravam os fazendeiros perguntando pelos cavalos da fazenda Mangalarga e esta referência se transformou em nome. Já o nome Marchador foi acrescentado pelo fato de alguns daqueles cavalos terem a função de marchar em vez de trotar. 






Padrão da raça

Aparência geral

Porte médio, ágil, estrutura forte e bem proporcionada, expressão vigorosa e sadia, visualmente leve na aparência, pele fina e lisa, pelos finos, lisos e sedosos, temperamento ativo e dócil.

Altura

  • Para machos a ideal é de 1,52 m, admitindo-se para o registro definitivo a mínima de 1,47 m e a máxima de 1,57 m.
  • Para fêmeas a ideal é de 1,46 m, admitindo-se para o registro definitivo a mínima de 1,40 m e a máxima de 1,54 m.

Cabeça


Cabeça e pescoço padrão da raça.
  • Forma: triangular, bem delineada, média e harmoniosa, fronte larga e plana;
  • Perfil: retilíneo na fronte e de retilíneo a sub-côncavo no chanfro;
  • Olhos: afastados e expressivos, grandes, salientes, escuros e vivos, pálpebras finas e flexíveis;
  • Orelhas: médias, móveis, paralelas, bem implantadas, dirigidas para cima, de preferência com as pontas ligeiramente voltadas para dentro;
  • Garganta: larga e bem definida;
  • Boca: de abertura média, lábios finos, móveis e firmes;
  • Narinas: grandes, bem abertas e flexíveis;
  • Ganachas: afastadas e descarnadas.

Pescoço

De forma piramidal, leve em sua aparência geral, proporcional, oblíquo, de musculatura forte, apresentando equilíbrio e flexibilidade, com inserções harmoniosas, sendo a do tronco no terço superior do peito, admitindo-se, nos machos, ligeira convexidade na borda dorsal - como expressão de caráter sexual secundário - crinas ralas, finas e sedosas.

Tronco

  • Cernelha: bem definida, longa, proporcionando boa direção à borda dorsal do pescoço;
  • Peito : profundo, largo, musculoso e não saliente;
  • Costelas: longas, arqueadas, possibilitando boa amplitude torácica;
  • Dorso: de comprimento médio, reto, musculado, proporcional, harmoniosamente ligado à cernelha e ao lombo;
  • Lombo: curto, reto, proporcional, harmoniosamente ligado ao dorso e à garupa, coberto por forte massa muscular;
  • Ancas: simétricas, proporcionais e bem musculadas;
  • Garupa: longa, proporcional, musculosa, levemente inclinada, com a tuberosidade sacral pouco saliente e de altura não superior à da cernelha;
  • Cauda: de inserção média, bem implantada, sabugo curto, firme, dirigido para baixo, de preferência com a ponta ligeiramente voltada para cima quando o animal se movimenta. Cerdas finas, ralas e sedosas.

Membros anteriores



Morfologia do padrão da raça.
  • Espáduas: longas, largas, oblíquas, musculadas, bem implantadas, apresentando amplitude de movimentos;
  • Braços: longos, musculosos, bem articulados e oblíquos;
  • Antebraços: longos, musculosos, bem articulados, retos e verticais;
  • Joelhos: largos, bem articulados e na mesma vertical do antebraço;
  • Canelas: retas, curtas, descarnadas, verticais, com tendões fortes e bem delineados;
  • Boletos: definidos e bem articulados;
  • Quartelas: de comprimento médio, fortes, oblíquas e bem articuladas;
  • Cascos: médios, sólidos, escuros ou claros e arredondados.
  • Aprumos: corretos.

Membros posteriores

  • Coxas: musculosas e bem inseridas;
  • Pernas: fortes, longas, bem articuladas e aprumadas;
  • Jarretes: descarnados, firmes, bem articulados e aprumados;
  • Canelas: retas, curtas, descarnadas, verticais, com tendões fortes e bem delineados;
  • Boletos: definidos e bem articulados;
  • Quartelas: de comprimento médio, fortes, oblíquas e bem articuladas;
  • Cascos: médios, escuros e arredondados;
  • Aprumos: corretos.

Ação

  • Passo: andamento marchado, simétrico, de baixa velocidade, a quatro tempos, com apoio alternado dos bípedes laterais e diagonais, sempre intercalados por tempo de tríplice apoio.
Características ideais: regular, elástico, com ocorrência de sobrepegada; equilibrado, com avanço sempre em diagonal e tempos de apoio dos bípedes diagonais pouco maiores que laterais; suave movimento de báscula com o pescoço; boa flexibilidade de articulações.
  • Galope: andamento saltado, de velocidade média, assimétrico, a quatro tempos, cuja sequência de apoios se inicia com um posterior, seguido do bípede diagonal colateral e se completa com o anterior oposto.
Características ideais: regular, justo, com boa impulsão, equilibrado, com nítido tempo de suspensão, discreto movimento de báscula com o pescoço, boa flexibilidade de articulações.

Andamento



  • Marcha: andamento marchado, simétrico, a quatro tempos, com apoio alternado dos bípedes laterais e diagonais, sempre intercalados por momentos de tríplice apoio.
  • Características ideais: regular, elástico, com ocorrência de sobrepegada ou ultrapegada, equilibrado, com avanço sempre em diagonal e tempos de apoio dos bípedes diagonais maiores que laterais, movimento discreto de anteriores, descrevendo semicírculo visto de perfil, boa flexibilidade de articulações.

Expressão e caracterização

O que exprime e caracteriza a raça em sua cabeça, aparência geral e conformação.

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